domingo, 21 de dezembro de 2008
De Aricelma Costa Ibiapina
Para a Equipe de Supervisão Escolar da URE de Imperatriz
Imperatriz, 20 de dezembro de 2008
Querida Supervisão Escolar da URE de Imperatriz
Convidei Paulo Freire para conversar comigo, só que desta vez eu prestei muito mais atenção no que ele fala, e eu pude ver o quanto ele está vivo. Conversamos de forma muito corrida sobre Política e Educação e eu aprendi um pouco sobre isto, pois ainda tenho muito a aprender.
Pensei muito sobre o que ele me falou, e fui outra vez ao seu encontro para falar sobre Educação e Mudança. Percebi realmente como Paulo Freire não morreu.
Eu senti necessidade de voltar a falar com ele e falamos sobre Pedagogia da Autonomia, só que desta vez foi muito diferente. Ele falou muito e eu pensei de mais, a ponto de me calar. Calei-me diante de tanta vida humana. Ele só falou coisas importantes que estão conectadas com as vidas das pessoas.
O brilhante é que ele, desde criança tinha o costume de ser escutado por seus pais e foi assim que aprendeu a ouvir. Muito do que ele diz, experimentou primeiro. Falou-me que foi muito injustiçado socialmente e por isto mesmo aprendeu a lidar contra os preconceitos raciais. Soube o que é comer pouco ou nada comer. Aprendeu desde criança, ainda na casa de seus pais a perguntar e a discordar. Aprendeu a argumentar e contra-argumentar. Aprendeu a lidar com gente, e foi por isto mesmo que aprendeu a ser gente.
Posso recordar mais ou menos o que escutei, e inspirada por ele partilhar um pouco do que aprendi:
1 Que Deus envie anjos para nos ensinar a caminhar e que estes estejam ao nosso lado permanentemente;
2 Que 2009 seja um ano muito bom em nossas vidas;
3 Que possamos planejar intencionalmente nossas ações para a vida;
4 Que possamos aprender a transformar a realidade a qual fazemos parte;
5 Que não sejamos equilibristas em cima de um muro esperando o lado melhor para nos apropriarmos do que é mais cômodo, nos esquecendo dos outros que nos cercam;
6 Que jamais sejamos da equipe dos que freiam as transformações;
7 Que tenhamos o dever de não mentir e aceitar a crítica séria fundada, desde que nos ajude a mudar;
8 Que aprendamos a aceitar a humildade e viver a humildade, porque só ela nos acalma e nos equilibra diante dos que andam retalhando situações para prejudicar outros com conseqüências sérias;
9 Que jamais possamos criticar o que não conhecemos, porque isto não é nada ético;
10 Que possamos entender que somente Deus sabe de maneira absoluta. Não há ignorantes absolutos. Não há sábios absolutos. A sabedoria parte da ignorância. Todo saber humano tem em si o testemunho do novo saber que anuncia;
11 É necessário darmos oportunidade para que os outros sejam eles mesmos. Quem não ama não respeita;
12 Todo amanhã se cria no ontem, através de um hoje. O futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente;
13 Quanto mais alguém quer ser outro tanto menos, ele é ele mesmo;
14 Que a nossa consciência não seja ingênua, para que não sejamos da equipe dos que apenas buscam o compromisso e jamais o experimentam;
15 Que a nossa consciência seja crítica para que tenhamos compromisso;
16 Que a nossa consciência não seja fanática para que não possamos nos entregar irracionalmente;
17 Que a nossa consciência não seja intransitiva para que não possamos imaginar que vamos resolver os problemas encontrados na nossa prática, desafiando cada um deles com ações mágicas;
18 Que possamos compreender que é experimentando-nos no mundo que nos fazemos;
19 Que a marca mais visível da nossa trajetória profissional seja o nosso empenho, e que possamos nos entregar no sentido de procurar sempre a unidade entre a prática e a teoria;
20 Que possamos entender que o compromisso falso assume a neutralidade impossível;
21 Que não sejamos seduzidos pelas tentações míticas, entre elas as da escravidão às técnicas, para que não nos façam escravos das técnicas;
22 Que possamos nos disciplinar para não nos tornarmos técnicos, pois o técnico é deformado pela acriticidade e não é capaz de ver o homem na sua totalidade. O técnico ver o homem como uma lata vazia e o enche com seus depósitos técnicos e assim ajuda a alienar a sociedade;
23 Que sejamos conscientes de que a alienação estimula o formalismo, que funciona como uma espécie de cinto de segurança. O homem alienado é inseguro e frustrado, fica mais na forma que no conteúdo. É muito superficial.
24 Que tenhamos a humildade de saber que quem não se forma não tem força moral. Precisamos correr o risco de acertar e errar. É aprendendo que aprendemos a ensinar.
BeIjOs!
Feliz 2009!
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1 - Confrat. Universal |
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21 - Paixão 23 - Páscoa | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
21 - Tiradentes |
1 - Dia do Trabalho 22 - Corpus Christi |
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7 - Procl. Independência 20 - Revolução Farroupilha | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
12 - N. Srª Aparecida |
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Eu tenho uma espécie de dever,
de dever de sonhar
de sonhar sempre,
pois sendo mais do que
um espectador de mim mesmo,
Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas, invento palco,
cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas
e músicas invisíveis.
Fernando Pessoa
Sonhar, mais um sonho
impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei
É minha questão
Virar este mundo
Cravar este chão
Não importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras
terei de vencer
Por um pouco de paz
E amanhã
Se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim,
Seja lá como for,
Vai ter fim
A infinita aflição
E o mundo
Vai ver uma flor
Brotar
do impossível chão
Tradução: Chico Buarque
É xingada de estéril.
Quem examina o solo?
O galho que quebra
É xingado de podre, mas
Não havia neve sobre ele?
Do rio que tudo arrasta
Se diz que é violento,
Ninguém diz violentas
As margens que o cerceiam.
Bertold Brecht
“Penso que a escola devia cuidar primariamente da fala dos alunos,
único meio de comunicação que a maioria deles terá pela vida toda,
uma adequada terapia da fala (e do pensamento nela expresso),
quem sabe, encaminharia uma natural terapia da escrita”.
Pedro Luft
Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."
Fernando Pessoa
Dispersão
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
Sá Carneiro
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,
Está no pensamento como idéia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.
Que queres que te diga, além de que te amo,
se o que quero dizer-te é que te amo?